Alma antiga
Era uma alma antiga,
rara, bela, encantada... vagava pelas ruas ruidosa gritava pelos cantos d'agonia suas dores, suas marcas, suas estórias... Era uma alma iluminada, que se via resplandecente, linda... Era uma alma incessante, mas mutável... mudou tanto, tanto, tanto, não se sabe, aprendeu em muitas vidas diferentes... Chorava, a realidade lhe doía! Queria viver perto de anjos, não podia! Queria salvar outras almas e sofria... Uma alma assim diferente e bela, assustada com os medos de criança, fugia de relâmpagos e de trovões, mas todo dia lutava as batalhas mais intensas, guerreava lado a lado com dragões... Era uma alma antiga, das que viveu e viveu intensamente, que sabia os desfechos das estórias e curava a dor de tanta gente... só não curava a si mesma... não podia! E vagava pelas vias dessa vida, esbarrando em barrancos, tropeçava, soluçava de dor, quase morria... uma alma sonhadora e que brincava... Buscava nessa vida mais bagagem para seguir sua viagem duradoura e cuidava tanto, tanto, no caminho, que de si esquecia vez ou outra... Uma alma assim a gente encontra talvez poucas vezes numa vida e quando acha, a gente sabe que buscava em todas as outras vidas já passadas... Era uma alma barulhenta, agitada, que contava para si mesma as estórias, que viveu e não lembrava...
Valeska Caffarena
Enviado por Valeska Caffarena em 13/05/2024
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