Desventura
Não consigo recordar exatamente...
Há algum tempo, o desencanto e a desventura cortam, penetrantes, minha existência... Perdidos, adernando, barco sem bússola, tripulantes ou substância. Em suas velas etéreas, vejo minha esperança, sempre fustigada pelo vento já reduzida a pouco mais que trapos, cheirando a maresia. É essa nau imunda, que arrasto com dificuldade, com sua âncora ferindo o ventre da terra. É essa vida inútil (que eu vivo?), e devo sorrir, arreganhar meus lábios e mostrar meus dentes podres para a sorte, que sempre me olhou com desdém!
Valeska Caffarena
Enviado por Valeska Caffarena em 21/05/2024
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