Palavra
Há correntes
a prender meus versos! Há correntes a calar minha voz! Há correntes em todos os lados! Há algemas a prender as mãos... braços cruzados... olhos atônitos... o nada a enfeitar as paredes... a luz ao lado, o livro à mesa, palavras passando a me cumprimentar... O papel a pedir: —Escreva! A Gramática começa a reclamar e eu digo: —E daí? E daí se está tudo errado... que as algemas libertem as mãos! A quietude do instante torna-o infindável! —Que importa se está tudo errado? correntes, algemas, prisões... —Que importa, se tudo não é nada? —Que importa! —Que importa! Correntes e luto onde escrevo... e escrevo, confesso! E lá está ela: elegante e bela, a palavra! A palavra, senhores, é ela! A palavra magnífica, resplandecente... É ela quem enxuga minha face... É ela, senhores, sim, é ela!
Valeska Caffarena
Enviado por Valeska Caffarena em 24/05/2024
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