Dentes-de-leão
Compositor do som mudo,
das bocas caladas, dos instrumentos sem som... Choro de olhos secos. Já disse Vinícius, que o poeta só é grande se sofrer. Quanta beleza esculpida nestas escritas fugidas da prisão de minha mente. Fogem palavras, voam sementes quais dentes-de-leão e, vêm germinar neste solo... Dizem que o escritor gera cultura, mas para mim, é a cultura quem gera o escritor! E vivemos desta simbiose: eu e o poema! Somos irmãs, talvez até almas gêmeas. Repartimos esta tristeza, esta dor, tanta tormenta... Não suporto o peso deste mundo sobre meus ombros. Sou o vazio deste pranto em vão. Sou poeta e não sou nada sem você! Tenho o poder de criar e destruir toda razão que há pra viver! Noites em claro, braços abertos, olhos atentos na madrugada... e a caneta desliza, escrevendo as ondas do mar! E tudo se resume a pó... o sopro do vento há de me levar nestas grandes partidas, que ferem e matam a gente! Um dia, de repente, ficarão somente as gaivotas voando no céu tão lindas... nada mais de pés na areia, nem de flores brotando no campo! Findará a caneta o seu verso. Uma nota apagada no rodapé de uma página: ali jaz minha inspiração!
Valeska Caffarena
Enviado por Valeska Caffarena em 15/07/2024
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