Fantasmas
Quando o tempo não quer dizer nada,
procuro um revólver, uma faca, um punhal. Não acho. O relógio já sequer tem ponteiros. Queria uma droga bem forte. A carruagem poderia passar por sobre o meu cadáver. Todos meus inimigos jogando flores na minha lápide. Já pensei até numa Terceira Guerra Mundial. Já não há impérios a dominar. Só quero o poder do tempo, que rege a vida da gente! Parar o tempo no ontem para não ter que viver o presente! Hoje, quase nada mais me resta! As palavras... As palavras não significam nada! Mais uma noite, menos um dia. Já não posso mais ver a imensidão deste mundo. Já não sinto o passar do segundo e não creio mais no amanhã. Talvez nada signifique tanto quanto a escuridão que admiro. Poderia lhe descrever este momento contando das paredes frias e do silêncio mortal, mas ainda ouço o som desta caneta. Meus fantasmas acordam comigo e, leem o jornal. Eles me dão bom dia. Sorriem no espelho e me acordam para viver o pesadelo. Vejo olhos de quem grita sem ter voz. Desespero. Me mostram vidas vazias, que habitam em nosso ser. Meus fantasmas puxam a cadeira e me olham... Alguns chamam meu nome. E eu? Eu só quero o poder do tempo. Parar o tempo no ontem porque este poema sente.
Valeska Caffarena
Enviado por Valeska Caffarena em 05/08/2024
Alterado em 05/08/2024 |